Era uma vez ... uma fábrica de sapatos, que dizia fazer os sapatos perfeitos. A fábrica produzia muitos sapatos, mas na hora de entregar, poucas pessoas recebiam sapatos no seu número certo.
Uma boa parte ganhava os sapatos apertados e muitos nem recebiam. Os que tinham o sapato com número certo andavam muito bem, mas muitas vezes não estavam satisfeitos e queriam de outra cor ou modelo (a própria fábrica incentivava isso). Até davam um jeitinho de ganhar mais de um sapato da fábrica.
Eles olhavam pra os que pareciam ter o mesmo sapato que eles e não entendiam pq eles não andavam tão bem. Vendo por fora, não notavam que estes recebiam os sapatos apertados e por isso não andavam tão bem e rápido.
Alguns mesmo com o sapato apertado, com muito custo e dor conseguiam andar bem. E aí, os que ganhavam os sapatos certos diziam, tá vendo é só querer andar que conseguem. Aiiii que dor, em vez de ver todos os calos e bolhas e dar os sapatos certos, justificavam que não precisavam de sapatos novos.
E os que não ganhavam da fábrica os sapatos? Contavam em receber os sapatos usados dos que ganhavam o número certo. Os que tinham sapatos, as vezes, davam os que não queriam mais, pq tinham enjoado da cor ou já estavam muito velhos.
As vezes os sapatos usados serviam nos que estavam descalços, mas muitos estavam apertados ou grandes. Mesmo com as doações, muitos permaneciam descalços. Quando podiam eles tentavam pedir por sapatos novos, mas a fábrica não atendia eles descalços.
Um dia alguém que ganhou os sapatos certos parou e prestou atenção naqueles que não ganhavam. Ouviu suas dores. Percebeu o quanto era fácil pra alguns andar bem e quanto era impossível para outros. Resolveu que precisava ir a fábrica.
E questionou, Pq não entregam o sapato de número certo para todos? Ouviu a resposta, se esforçando todos podem ter sapatos. Questionou a fábrica, disse que não era verdade, que tinha sapatos que havia recebido da fábrica sem esforço e além disso, em sua família, geração após geração nunca faltou sapato. Que havia visto de perto que essa não era a realidade. Que muitos eram filhos e netos de pessoas que andaram descalças a vida toda.
Infelizmente, a fábrica não lhe escutou. Então, só existia uma opção
(FOGO NELES!)
Calmaaa a autora aqui será mais fofa e otimista,
Não aceitar mais sapatos de lá!
Lutou pra que a fortuna da fábrica fosse taxada. Procurou novas fábricas. Mostrou ao seu grupo (que sempre receberam sapatos certos) o quanto eles eram privilegiados e que precisava deles pra mudanças.
Usaram seus privilégios e passaram andar rápido (tinham sapatos bons pra isso) em busca de mudanças. Lutaram e investiram em pessoas que se comprometeram a dar o sapato de número certo para todos. Podia ser pouco, um sapato ainda. Sim é verdade, mas era o começo da caminhada.
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