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Barbara Passeri

Prioridade

Faz tempo que eu queria escrever sobre isso, mas não tava dando também a prioridade kkkkk no assunto.

As redes sociais me causam muitos sentimentos e um deles é a angústia de falta de prioridade nas pautas de luta. Não estou me excluindo da responsabilidade, eu também me perco.

A sensação é que o discurso de mudança fica na bolha que já aceitou a mudança faz tempo.

Não podemos esquecer que ainda discursamos para um país que mata a diversidade, que é racista, machista, que apoia a ditadura, que bate em crianças, que tem mais de 30 mil crianças/adolescentes em abrigos, que tem intolerância religiosa, que não faz ideia do que é capacitismo, etc

E aí a sensação é que o foco da “briga” é com quem ainda não usa “todes”, com quem quer alisar cabelo, com quem diz “filho do coração”, com quem dá chupeta e com quem Deus me livre usar por vício de linguagem uma palavra inadequada.

Sim tudo isso aí encima é importante, mas não pode correr o risco de ganhar os holofotes antes mesmo de se conseguir o básico, tirar espaço do que é urgente.

Não me entenda mal, adoraria que tudo pudesse correr ao mesmo tempo, mas não é assim, o algoritmo da prioridade ao que se dá prioridade.

Por exemplo, enquanto por dias o assunto nas redes foi se um determinado ator devia ou não fazer um papel drag.

Na verdade podíamos pensar que espaço de fato damos a diversidade, a comunidade LGBTQIAP+?

E pq falta espaço? A quem se deve cobrar? Quem escolhe elenco? Que drag queen eu sigo? Acaba que quem ganhou mais espaço foi o ator mesmo.

Outro fato nas redes, já mais distante, foi o dia que tentaram cancelar uma filósofa negra super importante para o país a acusando de ser transfóbica por um artigo que escreveu. Tudo bem pode-se achar que a sugestão dada por ela seria transfóbica, mas daí tentar reduzir todo seu trabalho e trajetória a um artigo. E tentar um cancelamento enquanto um bando de gente branca aí falando merda na internet todo dia não recebe esse ódio todo.

E assim todos podemos errar, mas antes de sair o batalhão de cancelamento vamos olhar a pessoa como um todo né, o que ela faz pra sociedade, quais são seus valores, como contribuiu, qual sua trajetória e não reduzir alguém a uma única palavra, a um dia ou argumento.

Enquanto ocupamos a rede com esses cancelamentos, deixam de estar em evidência assuntos muito importantes.

Vamos lembrar que a extrema direita adora generalizar (mimimi, feminazis, comunistas) e isso simplifica o discurso e facilita adeptos e a falta de organização do lado oposto que vem colocar em pauta assuntos que precisam de 10 passos antes enfraquece o discurso de quem deseja um país mais igualitário e diverso.

Vamos tentar ficar atentos ao que devemos priorizar? Não só aqui, mas na vida fora das redes também.

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