Escutei muito essas respostas, em conversas entre amigos, na hora do almoço de funcionários e em "bate papos" descontraídos: Por que você trabalha? "pra sobreviver", "pra ganhar dinheiro", "pra sustentar minha família" "pra pagar as contas", "porque preciso", etc. Na sociedade atual o dinheiro é inerente a nossa sobrevivência, por isso logo associamos o trabalho ao dinheiro. Precisamos de dinheiro para comer, para comprar remédios, para ter moradia, etc. Entretanto, é importante percebermos que nosso trabalho não deveria ser exclusivamente realizado pelo dinheiro. Para desenvolvermos um bom trabalho, não apenas o alto salário garante a boa performance, mas sim um conjunto de objetivos, ideias e sonhos compartilhados. Não conheço ninguém que gosta de trabalhar para ver o outro rico, enquanto fica com as "migalhas". Visitei muitas empresas em que a sala da diretoria era extremamente sofisticada, máquinas de café de última geração e aí, ao ir à sala dos funcionários, mal funcionava o ar condicionado direito, cadeiras em péssimas condições etc. A escravidão ainda existe, a exploração do trabalhador ainda é real, os direitos trabalhistas surgiram "ontem", ainda estamos impregnados dessa falta de valorização ao trabalhador. Seria ótimo que trabalhássemos em direção ao trabalho verdadeiramente em equipe. Que o "trabalha pra mim" transforme-se em "trabalha comigo". E, para ser "trabalha comigo", precisamos compartilhar objetivos, valorizar a diversidade, termos condições dignas de trabalho para todos da empresa e CRESCERMOS JUNTOS. Parece utópico? Pois é! Precisamos começar... Por onde? Educação! Lembrando da minha educação na escola, nos últimos anos, antes de prestar vestibular, escutava muito: Cuidado hein! Estuda bastante, porque o colega do seu lado é seu adversário, ele que pode disputar a vaga com você. Ele vai ter trabalho e você não. Vi turmas sendo formadas pelos "melhores" alunos com as notas mais altas - Classe A. Profissionais da escola supervalorizando esses alunos e menosprezando os das outras turmas. Escutava que só quem fazia determinadas faculdades/cursos seria bem-sucedido. Acredito que esse tipo de comportamento, não estimula o trabalho em equipe, que não incentiva o relacionamento entre os alunos, a diversidade, o respeito pelas diferenças. Eu tive muitos chamados "trabalhos em grupo", em que um trabalhava e os outros assinavam - o grupo está só no nome e não na realização. Precisamos educar para diversidade, respeito pelas diferenças, ensinar direitos trabalhistas e apresentar diversas profissões. Cada um tem suas qualidades e a soma delas é que nos leva ao bom trabalho. Todos temos nossas dificuldades e é com a ajuda do outro que crescemos, melhoramos. Não deve ser o foco trabalhar para enriquecer apenas no sentido de ter e sim para SER. Quanto mais eu tenho mais eu sou, sabemos que isso não é verdade. Muito dinheiro não significa felicidade, inteligência, mundo melhor, assim como, a miséria não deve ser "romantizada". EQUILÍBRIO é a palavra. Viver para o trabalho não é saudável. Trabalhar sem ser valorizado (e esse valor não se limita ao salário) nos desestimula. Não temos que agradecer por trabalhos que nos deixam infelizes, que não nos proporcionam qualidade de vida, que nos exploram, que nos discriminam e assediam. Não podemos nos acomodar com o que é ruim. Horas e horas no trânsito, péssimas condições no trabalho, falta de valorização e plano de carreira, entre outros graves problemas. É horrível estar desempregado, mas também é horrível estar empregado sem direitos e qualidade de vida. Cuidado para o desemprego (fruto de péssima administração, de corrupção, de manter privilégios aos mais ricos) não servir de desculpa para reduzir direitos trabalhistas. Tantos lutaram, até mesmo morreram, para que direitos fossem conquistados. Se passamos por alguma crise na economia, o corte precisa ser de cima pra baixo e não é o que vemos. Sentimos que infelizmente, parte do mundo corporativo aos poucos vai minando direitos conquistados. É comum ouvir: Nossa! Você vai tirar 30 dias de férias? Pra que isso tudo? Esse tempo todo sem fazer nada? Escutamos também quando um funcionário sai na hora que acaba o expediente, certos comentários como: Nossa! Já vai pra casa? Não fica nem um minuto a mais? O funcionário que fica até mais tarde sendo supervalorizado, mesmo que não tenha mais nada para fazer. Entre outros diversos exemplos, que o trabalhador precisa ficar atento e lutar para valorizar seus direitos. Respeitar o profissional e entender que o trabalho é parte da vida dele e não a vida dele. Sabemos da dificuldade que é para pequenas e médias empresas, sobreviverem diante de muitos impostos, mas não podemos esquecer, que para se ter uma empresa necessita-se de pesquisa, responsabilidade, planejamento, perfil empreendedor e não apenas abrir uma empresa porque "não quer ter patrão". Os aspectos fundamentais da personalidade de um empresário, segundo SEBRAE são, criatividade, liderança, perseverança, flexibilidade, vontade de trabalhar, auto motivação, formação permanente, organização, senso crítico. Independente do cargo que você ocupe em uma empresa, todos os funcionários são importantes para o crescimento da mesma. E, quando falamos em crescimento envolvemos, melhores salários, qualidade de vida, direitos respeitados, diminuição da desigualdade social - pouquíssimos ganham muito e muitos ganham pouco. Equilíbrio. Temos vida intelectual, cultural, social, estética, simbólica, afetiva... Na nossa vida precisamos ter espaço não apenas para o trabalho, mas valorizarmos o lazer, o tempo livre, parar de "demonizar" o ócio (que também tem seu espaço importante em nossas vidas). Esse assunto é extenso, mas o objetivo com esse texto é que você se pergunte. Por que eu trabalho? Por que quero abrir uma empresa? Se a resposta principal for apenas por dinheiro, ficar "rico", repense. Não é de uma hora para outra, é difícil não se render ao supérfluo. Precisamos urgentemente rever nosso mercado de trabalho. Não está certo, que dentro da mesma empresa uns tenham tanto e outros praticamente nada. Isso não é trabalho em equipe. Reflita...
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