Meus pais me contam que quando eu era criança eu perguntava bastante "Por que ?" E, era difícil eu ceder a qualquer resposta pronta. As famosas respostas: "Porque sim", "Porque não", "Porque eu quero", "Porque eu mando". Eu insistia até cansar quem eu estava perguntando.
Venho refletindo como muitas vezes nos desestimulam o porquê, esmagando-o com o "tem que" (que dizem servir pra todos). Quando você faz uma pergunta e "tem que" aceitar o sim ou não, sem explicação. "Porque é assim, sempre foi assim e ponto final." "Porque sim", "Porque não", "Porque eu pago as contas" - ou seja, só quem tem dinheiro emite opinião ou questiona (péssimo né?!)
Podemos ter nossos porquês reprimidos na escola, na família, na vida ....
A escola muitas vezes sem a matéria filosofia, uma das matérias que nos move a questionar, infelizmente é colocada como matéria inferior, sem importância.
- Dica: Assista a série Merlí - Série de televisão (Tem na Netflix) sobre um professor de filosofia que, usando alguns métodos pouco ortodoxos, incentiva seus alunos a pensarem livremente - dividindo as opiniões de alunos, professores e famílias.
Dependendo da família, a religião não vem como uma opção, mas sim obrigação. Muitas vezes não dá espaço aos questionamentos. Tá na Bíblia e ponto final.
E aí, chegamos na política, com uma educação, seja em casa ou na escola, que não ensinou a questionar, que não ensinou a buscar o conhecimento, pesquisas, respostas que vão além do "É isso e ponto final".
Consequência? Políticos beneficiando-se dessa carência de questionamento, sendo eleitos graças a fakenews.
O porquê deveria ser encorajado, mas muitas vezes é repreendido ou ignorado. Ao crescer podemos não ser estimulados a questionar. O que é uma pena! Nossa evolução depende dos questionamentos. Se aceitássemos "porque não" e ponto, eu como mulher por exemplo, nem poderia escrever esse texto, nem poderia ter estudado etc etc.
Deveríamos valorizar muito o PORQUÊ.
Muitas vezes cansei de perguntar - "Por que ?" - e me afoguei na onda da imposição. Por isso, pergunte! Se pra você aquilo não é um ponto final, troque pelo ponto de interrogação.
(texto escrito em 2019)
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